FilmeFobia é o melhor filme que assisti nesse ano. Tinha muito interesse em vê-lo, muitas expectativas. E quando vou com expectativas ao cinema, geralmente me decepciono. Mesmo assim, ele conseguiu superá-las. Muito além de falar sobre fobias, trata sobre o próprio fazer cinema. O personagem de Jean Claude Bernardet - que representa o diretor do filme sobre fóbicos, dentro do “falso” making of realizado por Kiko Goifman – busca incessantemente a única e verdadeira imagem, “a de um fóbico diante de sua fobia”. Obcecado por essa imagem pura, aos poucos percebemos que a grande fobia do filme está no próprio diretor que teme perder a visão - Jean Claude no oftalmologista é uma das imagens chaves do filme – e a própria morte. Como tantos já teorizaram a respeito, contar uma história, narrativizar, é sempre uma tentativa de superar a morte. O que Jean Claude não entende é que não existe imagem pura e na sua busca obsessiva pelo impossível acaba enchendo a imagem dos fóbicos com parafernálias loucas (e lindas) dignas de filme de horror americano e não conseguindo sequer uma imagem realmente significativa das pessoas que participam/atuam no filme. FilmeFobia é uma análise fiel da espetaculazarização dos dias de hoje, e do excesso de imagens e informações, que nos afastam da imagem simples (talvez por não existir imagem simples). O que resta do filme feito por Bernardet dentro do filme de Kiko são apenas as parafernálias, e não a reação dos fóbicos. Com muita classe e originalidade, Kiko mostra que não existe verdade, existem apenas os meios de contar uma verdade, existem apenas escolhas narrativas – o que é ainda mais interessante vindo de um (até então) documentarista. Interessante notar que entre todas as imagens de fóbicos do filme e nós espectadores existe sempre algo (uma máscara, um espelho, um capacete, um aparelho bizarro)... Para mim, essa é a maneira perfeita de representar que não existe verdade, não existe o medo do fóbico: existem apenas maneiras de apresentar esses medos ao público. Não há imagem pura, há sempre um viés, um recorte.
Parabéns ao Espaço Unibanco Augusta por ser o único cinema a exibi-lo. Assistam pelo amor de santo antonio califórnia.
Parabéns ao Espaço Unibanco Augusta por ser o único cinema a exibi-lo. Assistam pelo amor de santo antonio califórnia.
ps: a imagem do fóbico que é alçado aos ares com duas araras nos ombros é incrível, simplesmente por não nos revelar qual é a fobia daquela pessoa. é a imagem pela imagem, linda por ser tão intrigante. site do filme aqui.
Continua escrevendo, continua escrevendo...
Continua escrevendo, continua escrevendo...
3 comentários:
nossa, gunmy, arrasou... adorei mesmo o que escreveu sobre. vou linkar lá no meu. peixinho.
ai, sabe o que é muito doido também que nem falamos? as ações por aí de divulgação do filme... achei loco tb... beixingo.
Rapá, sabe que estava com uma dúvida de shake entre ser e não ir... mas depois do que você escreveu, pimba! Vou sim. P.S. Penso que crítica verdadeira é isso, o sujeito pega a caneta e se posiciona com coragem na frente do que viu, parabéns.
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