Tentei escolher algum poema recente para colocar aqui e nada. Tô com ciúme deles, e vão ficar guardados, pelo menos, um tempo. Por isso, vou reproduzir um poema meu da Antologia Ávida Espingarda, que agora já tem data de lançamento, dia 23/08 - tbm será a última chance de me verem antes de ir para Cuba. Conto mais detalhes em breve.
Go - linguagem, em japonês
Quando de fogo-tentáculos as
palavras se esticarem (em vão)
(ou não) e tudo for dito, linguagem
o que por dizer faltará? Se suas
chinesas muralhas erguer-se-ão
ideogramáticas ou não, folhagens
frondosas floridas e anti-escassas
depois de já ter dito ex-caças de
jeit`outros, que faltará cassar?
Quando a nomear não houver mais coisas
e o tudo virar o nada inaudito-
inaudigo, o que, o que direis?
Dirás do nada como os esquimós
e suas dezenas de branco de
neve e o nada aos poucos de nu
ances, tal qual um ancestral, que aprende
a falar, revestir-se-á, com os
novos vocábulos recém-formados
que designam o tudo que saiu
do nada, que é o tudo esgotado-
dito, que é o nada nomeado-repleto.
3 comentários:
que bom que voltou, que bom!
o poema-aperitivo deixa-nos com água na boca...vai-se o homem (por um tempo breve?!) ficam-nos as palavras, dessa vez sem o brilho da monitor (oxalá) mas com o contraste fosco das folhas de papel, vício dos ávidos dedos.
Inenarrável, como são bons seus poemas, e o prazer que sinto quando os leio! Não para, não para, não para!
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